No 1º filme da trilogia,Christian Grey é pudico.
Diretora falha ao cortar boa parte do 'pornô para mulheres' de E. L. James.
Baseado no primeiro volume da trilogia erótica de E. L. James, que já vendeu mais de 100 milhões de cópias em todo o mundo, "Cinquenta tons de cinza" retrata o relacionamento do jovem milionário Christian Grey com a estudante Anastasia Steele.
A atriz Dakota Johnson, em seu primeiro grande papel, é tão convincente como a virgem Ana que chega a ser irritante. Ela fala sussurrando, tem os olhos aguados e postura fragilizada. Até aí tudo bem, já que a personagem é a "submissa" do livro. A falha do filme está no Sr. Grey. Cadê o "dominador" da história? Taylor-Johnson e a roteirista Kelly Marcel ("Walt nos bastidores de Mary Poppins") certamente não encontraram o tom do sadomasoquismo da obra de E. L. James.
Sexo comportado
Toda a graça se perde na adaptação. A "pornografia para mulheres", como o livro foi definido no lançamento em 2011, se transforma em sexo comportado. Mais da metade das cenas de sexo foram cortadas, como as de Anastasia fazendo sexo oral em Christian, e as que ficaram têm poucos minutos de duração.
Nem Dakota nem Jamie Dornan têm seus órgãos sexuais visíveis no filme. O personagem dele, em particular, parece fazer um monte de jogos na sua sala secreta sem tirar a calça, o que parece desconfortável. Algumas situações chegam a ser engraçadas de tão fofinho que ficou o erotismo. Para quem já viu "Ninfomaníaca", do diretor Lars von Trier, por exemplo, a palmada que Christian dá em Ana nem dói.
Até a linguagem dos personagens é diferente da do livro. O texto em que Christian diz "realmente gostaria de comer seu c..., Anastasia" foi substituído para "não quero a introdução da sua mão no meu ânus, Grey". Os diálogos sem frescura e bem diretos, que chamaram a atenção em um livro por mulher para mulheres, somem. Raramente os personagens soltam palavrões. Ficou certinho demais. É tudo tão cronometrado que a pegação parece mais insossa que beijo técnico de filme teen da Disney.
O pouco romantismo do livro ganha destaque no filme. Uma cena em que o casal sobrevoa Seattle no helicóptero dele, ao som de "Love me like you do", de Ellie Goulding, é tão açucarada quanto qualquer comédia romântica. Resta aos fãs de E. L. James protestarem para que "Cinquenta tons mais escuros" e "Cinquenta tons de liberdade", os outros dois filmes da trilogia já confirmados pela Universal Pictures, recuperem a pornografia perdida.
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